Mulheres Pescadoras

Denise Accurso



Voltei recentemente de uma temporada de cinco dias na praia santa rita,em Quintão. Conheci Quintão há quase trinta anos, mas nunca tinha ido àquela praia.
Foram dias maravilhosos de descanso e contato com a natureza. Uma coisa me impressionou muito desde o primeiro dia: a quantidade – maioria absoluta, na verdade – de mulheres pescadoras.
Estamos acostumados, nas praias gaúchas, a ver homens pescando, sozinhos, com outros homens ou com uma acompanhante que toma banho de sol. Lá, era o inverso: mulheres em dupla, mulheres sozinhas, mulher pescando e homem, junto, sentado numa cadeira de praia, com cerveja ou chimarrão na mão.
Aquilo me fascinou. Foram cinco dias e o “fenômeno” se manteve firme. A única diferença foi a presença de alguns homens no domingo.
Essas pescadoras não eram jovens e estavam longe de ser glamourosas; creio que essa seria a última preocupação delas. Baixinhas ou altas, tinham o rosto marcado pelo sol e cabelos soltos, muitas cabeleiras grisalhas…
Perguntei aos proprietários da casa que alugamos se conheciam a explicação. Eles não sabiam. Seria uma doença masculina que criou essa tradição? Ou, talvez, alguém tivesse resolvido tributar os pescadores homens e as mulheres tomaram as rédeas da atividade?
E por que era necessária uma explicação? Porque meu cérebro não aceitava a singeleza da realidade: na praia Santa Rita, pescadoras predominam. E ponto final.

 

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