Papai-noel

Denise Accurso

De forma alguma eu estava preparado para o que me disse meu filho. Bernardo, com apenas 6 anos, olhou fundo nos meus olhos e largou a bomba:
– Pai… Eu não acredito mais no papai-noel.
Senti meu mundo desmoronar. Afinal, ele era ainda tão pequeno. Haveria muito tempo para a dura realidade da vida. Gostaria que meu filho tivesse uma infância povoada de sonhos e de fantasias como a minha.
Não pude evitar lançar um olhar de ódio para o papai-noel profissional com quem meu filho acabara de falar. Lá estava ele, sentado em seu trono de shopping center, recebendo as crianças com um sorriso. O que ele teria dito ao Bernardo que destruiu sua crença no bom velhinho?
– Filho… Por que você está me dizendo isso? Foi alguma coisa que aquele papai-noel te disse?
Olhando pra mim com aquele olhar intenso que só ele tinha, respondeu:
– Ano passado ele prometeu que não ia esquecer de mim. Hoje, precisei dizer até o meu nome!

 

voltar para página do autor