adeus

Denise Accurso

Hoje quero contar uma história minha, mas não da pessoa que sou hoje. Essa história se passa numa época em que eu era muito tímida, insegura, sentia-me deslocada, insignificante, meio invisível. Eu era uma pré-adolescente que vivia muito isolada e cuja vida social se limitava ao colégio.
Foi lá, no colégio, que fiz uma daquelas amizades da vida inteira. Minha melhor amiga não morava na cidade em que eu morava e estudava, mas ficava na casa de uma tia durante a semana e frequentávamos a mesma escola. Era uma amizade leve e divertida, coisas que sempre valorizei e que me fazia falta naquela época.
Ela me convidou para passar um final de semana na casa dela, que ficava numa pequena cidade próxima. Disse que minha mãe não permitiria. Ela foi até minha casa e assegurou que eu seria levada e trazida de uma casa à outra sem problemas. Fui.
Lá conheci um verdadeiro modelo de mãe. Era óbvio que aquela senhora tinha prazer em espalhar felicidade à sua volta. Eu não tinha o menor traquejo social (acho que não tenho até hoje) e caí numa encantadora armadilha. A conversa foi direcionada para os pratos preferidos de cada um e enumerei os meus: panqueca, bife à milanesa, purê de batata, batata frita (bons tempos em que não havia para mim triglicerídios e colesterol).
Quando chegou a hora do almoço… Simplesmente havia TUDO o que eu tinha enumerado como comida preferida! Não lembro se agradeci devidamente ou se demonstrei o quanto esse gesto me cativou. Gente, eu tinha 13 ou 14 anos e não estava acostumada a ter meus desejos assim satisfeitos…
Hoje essa pessoa partiu. Esse modelo de amor, carinho e doação. Essa pessoa especial que fez muito feliz meu coração de 14 anos e que viverá nele para sempre.

 

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