Entrevista com Jacira Fagundes - Organizadora da Coletânea "Quando o verbo vita trama"

Jacira Fagundes




Magaly – Quando o verbo vira trama é fruto do trabalho de oficina de dois semestres em 2019. Como foi desenvolvido este trabalho que antecipou a publicação?

Jacira - Sim, embora as oficinas literárias não tenham tal objetivo de direcionar à publicação de coletâneas, o desejo de quem participa, em geral, vai por este caminho. O Grupo de Leitura e Criação Literária na Editora Metamorfose segue um planejamento que envolve muita prática a partir de abundante teoria. A comunicação no grupo é constante - ouvir, falar, ler e escrever, nem sempre na mesma ordem. Como já havíamos publicado em 2018 nossa primeira coletânea “Pra ver a banda passar...contando histórias de amor”, que teve ótimo reconhecimento no meio, este grupo já tinha agregado experiência em publicação. Então, o trabalho com textos se desenvolveu com a ideia de que haveria uma seleção de contos durante a oficina que redundaria numa seleção a ser publicada. A revisão primou como atividade essencial . Os textos revisados e considerados prontos foram destinados a uma caixa decorada para as posteriores escolhas . E foi o que aconteceu. De uma média de 6 a 10 contos previamente selecionados de cada autora, o mais difícil foi chegarmos à conta de 3 contos por autora.

Magaly – O que consideras de maior complexidade na produção de uma coletânea de textos?

Jacira - Chega-se então ao trabalho de produção propriamente dito. Geralmente esta tarefa começa pós-oficina. A oficina terminou, os textos selecionados são novamente revisados, com rigor. O editor apresenta todas as questões burocráticas. O trabalho de maior complexidade volta a ser a revisão, a proposta de correções ou mudanças na estrutura textual. O tempo de cada autor é reduzido aos seus textos destinados à publicação. Já a organizadora tem uma atividade complexa e permanente de revisão, não só da estrutura do texto, mas de todo o conjunto da obra que segue o trajeto à publicação. Inclui-se aí a revisão da digitação, diagramação, tamanho do texto, sequência, apresentação e capa, posicionamento na página, sumário. E por aí vai.

Magaly - Tu estás satisfeita com a finalização desse processo que levou ao livro? A que ponto tu consideras um êxito?

Jacira - Sim, muitíssimo satisfeita. Mais do que o envolvimento continuado com a atividade até então desenvolvida, fica aquele gosto pelo desafio. O livro pronto e acabado ao final de processo de trabalho exaustivo, mas ao mesmo tempo estimulante pelo exercício do fazer literário junto a alunas que respondem, com igual esforço e tirania, é algo muito compensador.
O êxito da empreitada está justo neste esforço recompensado por mim e por cada uma de vocês, autoras. A obra pronta e acabada chega hoje à outra ponta do processo da escrita – ao leitor. Que ele nos confirme o êxito.


Magaly – O distanciamento social nos impediu de realizar o lançamento com presença de convidados. A página criada é uma alternativa possível?

Jacira - É possível porque é a única neste momento que a humanidade vive com poucas certezas. A s redes sociais, a internet, as facilidades propostas pelas diferentes mídias, hoje fazem um papel de união entre os povos do mundo. O livro e a leitura ressurgem como salvação – outras vidas, outros rumos, outros espaços vitais. Acabei apelidando a página de mesmo nome da coletânea, aqui no Facebook , velho conhecido de muitos, de página/sala. É nosso espaço, nossa sala de lançamento, que nos socorre, não apenas por algumas horas, mas por um tempo estendido. O livro também pode ser adquirido por aqui, com um toque no botão “Enviar mensagem”. Neste espaço, autoras , leitores e visitantes são bem-vindos.

 

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