Affair

R. Duccini

De que importa
meu desejo
Se navalha
corta a pele
acima dos ossos?
Corta a carne
Que ofende
Faz derramar sangue
Retinto,
que seco deixou
de ser Sagrado
E à terra não sustenta,
Só destrói.
Corpo monocórdio
Carente de nuance
Sonho alado
Que se torna
a Besta
- que tu sempre foi.
Jogado hematoma no asfalto
No meio do tráfego
Vertigem
Das pernas que mal entendem
O peito acostumado a rasgar
Os pulmões sem deleite no vento.
Mas que importa
Sua fúria,
seu ódio contido
toda porra engolida a seco
Sem prazer?
Sua boca fechada
Não recomendado
Alvo de infeliz acusação
Tua febre de melancolia
Teu choro de intensidade
sirenes nos ouvidos da Noite
Tingindo de luz o céu no vermelhazul
do medo.
Mas de que importa,
Seu desejo?
Se na pureza,
Com uma flecha cravada
(na cintura)
Ainda insiste
em trôpego caminhar?
Se suas mãos estendidas
Aos olhos de quem vê
Não são amor,
Mas sim anúncio de
Violência.

 

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