É Preciso Imaginar Sísifo Feliz

R. Duccini

É preciso imaginar sisifo feliz

Porque tempos duros
Aumentam o consumo
de ficção
A realidade não basta
Precisamos escapar do momento
E rever nos olhos
Do outro
O firmamento.
Como são caramelos
Os olhos da minha rainha
Misturando, num tiro,
Sua pele na minha
E verdes são os olhos
Daquela quem me deu
Asas. (Num assalto)
Na beira do abismo,
Enquanto estirado sismo
Em pensar:
(na nossa casa vazia
os móveis todos bagunçados
você ali, sozinha,
o azul, a parede,
o vidro, a sala
Espalhando a poeira no tapete
Juntando a minha e a sua
a mala, a trinca, a porta
um tempo chamado
Nunca mais).

Se simples fossem as coisas
No verso,
Reverso
Duma xícara de café
Entre eu e você
Entre todos os nós
Que no tempo
Inverso
Do em tanto que apresso
Na efemera arte
De Ser: Vivo.
Mas não há,
Não existe, não insiste.
Das estrelas somos o após.
Aquilo que levo
No vôo que alcanço
Na mais leve certeza
na breve beleza
de amar: (basta)

Na dúvida incauta
Da mísera pauta
De 2 milhões em especulação
No coração que bate com a vida.
Porque pessoas
Fogo,
Chamas são
À espera do momento da explosão.

 

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