Dicas de Leitura - por Sônia Coppini

Jacira Fagundes

Dicas de leitura – por Sônia Coppini



Título da obra - O Aleph
Autor - Jorge Luis Borges
Conto - NA CASA DE ASTÉRION

O conto a que me refiro, é uma metáfora de muitos níveis – o diferente, o solitário, o que procura sua alma, e, como simbologia de si, a sua casa, o labirinto. E muitas outras significações.

Adoro este mito, que diz muito a nós, o mito do Minotauro.

Metade homem, fruto de sua mãe humana, o corpo; e metade touro, a cabeça,fruto do masculino, um touro que não foi sacrificado por aquele que seria seu pai humano.

O que Borges nos apresenta neste conto é a reversão do protagonista, em relação ao mito.
O minotauro Astérion, de Borges, é o foco narrativo, ao contrário da narrativa mítica, que considera Teseu como protagonista, o jovem herói que irá sobrepujá-lo.

Astérion, em sua condição humana, preso a sua casa, o labirinto, nos mostra os seus estados de solidão, a realidade que vive, dia após dia, com os recursos da imaginação, para acreditá-la diferente; e em cada local da casa, e de sua alma, uma possibilidade
que poderá libertá-lo. Mas isto não acontece, mesmo quando ele sai do labirinto, e vê o mundo de fora.

Na narrativa de Borges, Astérion encontra seu destino e sua libertação, com a chegada de Teseu, que irá sacrificá-lo.

A meu ver, este é o momento máximo, quando ele é libertado de sua condição de angústia e de procura infindável, aceitando o seu destino.

No último momento do conto, Borges muda o foco narrativo; da narração em primeira pessoa, ele muda para a narração em terceira pessoa.
Sabemos do final pela voz de Teseu.
Borges – um mestre da narrativa!

 

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