15 dias de inverno pela Alemanha

Marta Leiria

CAPÍTULO 1

Fã incondicional de promoções de passagens aéreas que sou, tenho o providencial aplicativo “Melhores Destinos” no celular sempre anunciando barbadas imperdíveis. Pretendendo fugir dos famigerados engarrafamentos nas estradas gaúchas e catarinenses, eis que surge a notícia de voo direto na classe executiva pela Lufthansa, São Paulo-Munique, praticamente pelo valor da econômica – que conforto, que luxo! E isso em pleno Carnaval! Mesmo que a gente não pergunte o que os outros acham, sempre há quem considere loucura pegar frio e neve na Europa em pleno verão brasileiro. Como se fôssemos encarangar por lá. Não sou dessas - nem o Marco, ainda bem!

Destino principal escolhido, o desafio era definir o roteiro e viajar de trem pela Alemanha só com bagagem de bordo e mochila nas costas durante 15 dias de inverno. Evitar despachar malas, sem o risco de extravio, é uma benção para viajantes. Estando por aqui, e imaginando o frio de 0 a 8º que faria por lá segundo previsão do tempo, parece inacreditável que bastem poucas peças para andar bem-vestido. E, principalmente, bem-agasalhado.

Sempre é bom lembrar que não se passa frio dentro de hotéis, museus, cafés, restaurantes, pelo contrário. Aquecimento do ambiente é artigo de primeiríssima necessidade por lá. Bastam um casacão leve e quente com capuz, uma capinha de chuva também com capuz, um blusão de lã leve, um casaquinho de lã leve para ambientes fechados, algumas blusas básicas de manga curta (usei só um dia uma das três de manga comprida que levei), um par de tênis nos pés, outro na mala, um par de havaianas (servem para piso frio, sauna, piscina) e duas calças compridas, além de uma calça bem confortável no corpo para enfrentar a viagem. No meu caso, duas meias-calças de lã para usar por baixo em dias alternados – para não ter de levar inúmeras peças de roupas de baixo é preciso, sim, lavá-las no hotel.

Para as mulheres que, como eu, gostam de se maquiar e trocar os acessórios para não estar (aparentemente) com a mesma roupa todos os dias, especial atenção aos detalhes: necessaire com maquiagem completa, mantas, luvas, lenços, mais de um par de óculos. Como a Costanza Pascolato, a Glória Kalil e o Elton John, me tornei aficionada por óculos grandes e de estilos variados. Abandonei terminantemente os óculos pequenos, e que envelhecem, antes usados só para leitura. Malas prontas e livros na mão (desta vez só levei os de viagem), bastava fazer o check-in ainda em casa dois dias antes e rumar direto ao embarque no aeroporto sem se submeter à fila dos que carregam o guarda-roupas nas costas. Que luxo!

 

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