Seis dias em Amsterdã e arredores

Marta Leiria

SEIS DIAS EM AMSTERDÃ E ARREDORES


Eu poderia simplesmente publicar lindas fotos nas redes sociais de minha recente viagem. Mas não. Pensei em fazer mais e melhor. Algo a um só tempo prazeroso e útil. E me lembrei das inspiradoras crônicas de viagem do Sérgio Stangler e do Airton Ortiz. Mostram como é bom sair para desbravar o mundo. Nossa!, incrível como a gente aprende sobre nós mesmos e sobre outras culturas viajando por aí... Acordei só pensando em registrar minhas impressões sobre o roteiro que fiz por lá, até em função de pedidos de amigas queridas. E para motivar leitores a visitarem essa região digna de nota.

Hoje cedo, com mate e computador em punho, cá estou no gabinete de casa empenhada em dar dicas preciosas (modéstia à parte) sobre Amsterdã e arredores. Saímos de Poa pela manhã, eu e minha amada prima Leia, na terça, 17/09, e pegamos o voo noturno da KLM de São Paulo a Amsterdã, sem escala. Voltamos na terça, 24/09, também pela manhã, e chegamos tarde da noite em Poa – nesse dia da semana o preço das passagens costuma ser mais baixo. Sou dessas que gosta de planejar, viajar e também de voltar ao lar, doce lar. E de viagens não muito longas, diga-se de passagem. Para os seis dias, saímos só com a mala de bordo e mais um volume de mão para não ter de despachar bagagem. Poucas peças de roupas, básicas e que combinam com tudo, é a solução. Fica a dica para as mulheres: basta variar brincos, lenços coloridos e óculos.

Mesmo em tempos de compras pela internet, gosto de adquirir passagem para o exterior, bem como pacotes de navio (já fiz quatro cruzeiros, Caribe e Europa), da Ana Castro, minha agente de turismo há uns bons anos, valiosa indicação da colega e amiga Cristiane Todeschini. Além de ter muita experiência em viajar pelo mundo, e de cerca de 45 cruzeiros, a Ana é animadíssima e adora, como eu, um bom papo. Os hotéis, salvo raras exceções, reservo diretamente pelo Booking ou Expedia. Já fiquei em um quarto de hotel tão pequeno em Roma que chegou a me dar claustrofobia, um horror! E nesses aplicativos é possível escolher o número de estrelas dos hotéis, faixa de preços, localização, até tamanho das camas e dos quartos. Gosto dos que têm um bom lobby com sofás, restaurante e bar para não ter de voar para o quarto ao chegar das longas e habituais pernadas. Ah, e cama box, para um sono reparador. Muita pesquisa e o escolhido foi o Monet Garden, no centro de Amsterdã, a uns 15 minutos a pé da Estação Central. Excelente em todos os quesitos, indico sem titubear. Tivemos muita sorte, nenhuma chuva nestes últimos dias de verão europeu. Desta vez, a previsão do tempo acertou em cheio. A cidade é repleta de bicicletas e ciclovias impecáveis por onde circulam crianças e adultos de todas as idades, uma beleza! - é preciso atenção para não ser atropelado, verdade seja dita. Eis uma dessas “Cidades para Pessoas”, como diria o arquiteto e urbanista dinamarquês Jan Gehl (tema de outra crônica de minha página). Ao roteiro, então:

Dia 1. Como usual, o dia da chegada é destinado ao reconhecimento do terreno: sair para caminhar pela região do hotel (de regra bem central) sem destino pré-definido. Nem precisaria dizer que este tipo de viagem requer o uso de tênis da manhã à noite. Saímos com mapa na mão e logo nos perdemos por ruelas, admirando os belos canais e a arquitetura única da capital holandesa. Chegamos na Rembrandtplein, praça com espetaculares esculturas em bronze de Rembrandt e de outros importantes pintores holandeses de todos os tempos. É também um movimentado centro de diversões, onde se concentram muitos bares e cafés, restaurantes e casas noturnas. Muitos holandeses e turistas aproveitam os dias ensolarados para colocar o papo em dia, tomar um café ou apenas ler um livro.

Dia 2. Munidas de tickets dos museus comprados ainda em Poa pela internet com a providencial ajuda do meu filho Antônio, percorremos o magnífico Van Gogh Museum, com a orientação de audioguia em português contendo análise das principais obras e relatos sobre a vida do genial pintor (visita com hora marcada, muita procura, reservar com antecedência é preciso). Visitamos também o Rijksmuseam, que abriga acervo incomparável com mais de 1 milhão de peças de arte holandesa reunidas desde o início do século XIX. Nos idos de 1992 já tinha ido a Amsterdã, quando me apaixonei pelas obras de Rembrandt. Do mezanino de um dos andares, avista-se uma biblioteca incrível em plena atividade – silêncio é exigido dos visitantes. Passeamos pelas ruas e degustamos os deliciosos queijos holandeses. Os que mais apreciamos foram os trufados, de leite de cabra e de vaca. Tem de tudo, até com wasabi e lavanda - ainda faço uma lista do “não há o que não haja”.

Dia 3. Desbravamos a cidade a bordo dos barcos do “Hop-on Hop-off”, vale muito a pena! Compramos os tickets desse passeio turístico válidos por 48h, incluindo barco e ônibus. Pode-se descer e subir quantas vezes quiser e param nos principais pontos turísticos da cidade. Imperdível a visita ao Bloemenmarkt, o último mercado flutuante da cidade, com suas tulipas e muitas outras flores e plantas, festival de cores e aromas. Como os dias eram de puro sol, fizemos um pequeno trecho de ônibus (lá são sempre fechados na parte de cima), e o restante, de barco. Visitamos o Museu de Cera Madame Tussauds, localizado na linda Praça Dam. Comemos batatas fritas sentadas no banco da praça, admirando a arquitetura dos prédios e o voo das pombas, alimentadas pelos turistas, como na Piazza San Marco em Veneza. Seguimos para conhecer a antiga fábrica de cerveja, através da Heineken Experience, excelente programa!

Dia 4. Em nosso último dia de Amsterdã, fizemos o roteiro completo de barco pelos canais e finalizamos o passeio na região do Red Light, distrito mais antigo de Amsterdã. Desde a sua construção em 1385, notório pelas mulheres que habitam suas ruas - algumas ainda ficam expostas nas famosas vitrines. Conhecemos o curioso Museu da Prostituição, situado em um antigo bordel, mantido no seu estado original, onde a prostituta Chinese Annie foi assassinada, crime esse nunca resolvido. Lá a mais antiga profissão é legalizada. Outra curiosidade local: nos chamados Coffee Shops é permitida a comercialização e o uso de maconha. Já nos cafés, vendem-se cafés e outras bebidas, como as irresistíveis cervejas holandesas e belgas.

Dia 5. Domingo dedicado a belas cidadezinhas situadas nos arredores de Amsterdã, dicas da Ana Castro e do Guia Visual da folha de São Paulo emprestado pelos compadres Dalcin. Marken, antiga vila de pescadores, é hoje importante destino turístico, onde podemos encontrar moradores com trajes típicos. Volendam é um lindo vilarejo com estreitos canais, onde tivemos a sorte de assistir a um concerto na praça. Com o providencial inglês, a gente se sente literalmente cidadão do mundo, tudo se descobre perguntando e perguntando! Fomos de transporte público (ônibus) a Marken, e de Ferry a Volendam. Após, ônibus a Zaanse Schans, belíssima “vila-museu” cujos moradores mantêm os moinhos de vento em funcionamento e se pode assistir à fabricação dos famosos tamancos de madeira, comprar queijos, chocolates e lembranças da viagem.

Dia 6. Dedicado a desbravar a deslumbrante cidade belga Brugge, com direito a passeio de ônibus comprado pela internet com guia madrileña hablando espanhol!

No dia seguinte pela manhã, hora de voltar à terrinha. E de planejar a próxima viagem, até breve!

 

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