Bougainville

Geni Oliveira

Bougainville

Extasiada, eu admirava tua pujança. Como uma sementinha se transformara em tão bela árvore? Por muito tempo, teu colorido alegrou meus olhos, por vezes, cansados e desiludidos. Livre, foste espalhando sem pudor teus galhos por cercas e fios elétricos e te colorindo cada vez mais. Por algum tempo tiveste liberdade para crescer e florir. Invadiste espaços proibidos, minha amiga. E foste, aos poucos, traçando teu destino. Meu coração apertado hoje se despede de ti. Peço-te desculpas pela minha simples condição de ser humano. Ao ser abatida, levaste contigo muito de mim. Hoje meu dia tornou-se mais sombrio. Adeus, minha bouganville! Tuas flores alaranjadas iluminaram, por algum tempo, um estacionamento tão inóspito. Aprendi, a muito custo, que não se pode semear impunemente em lugares alheios.

 

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