Tecelagem da Vida (4)

José Eron Nunes

Ele amaldiçoa o mundo porque teve um dia de cão. Em uma festa no apartamento acima do seu fazem uma barulheira danada. Está com uma dor de cabeça horrível, e não tem uma aspirina em casa. Assim não vai dar! Sai da cama, se veste, e vai até uma farmácia na esquina da outra quadra. Nem bem chega a pedir o remédio e dois sujeitos mal-encarados entram e anunciam o assalto. Ele nem pensa em reagir, mas pelo susto faz um movimento brusco e toma uma coronhada na cabeça. O sangue lhe escorre pelo rosto. O ladrão avisa que se fizer outro movimento levará um tiro. Levam todo o dinheiro do caixa e a carteira dele. Na farmácia mesmo lhe fazem um curativo na cabeça e dão um remédio para a dor. Retornando para casa, passa por um casal de namorados dentro de um carro se beijando apaixonadamente. Quando se deita na cama, ainda consegue ouvir a música no andar de cima, mas a dor de cabeça passou, então pensa que teve sorte. Poderia ter levado um tiro. E a vida segue tecendo...

 

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