Uma Palavra

Claudia Paixão Etchepare

Textos são criaturinhas
que gesto entre o sentir e transformar em escrita.
Alguns, rebentam fluidos. Outros são paridos a fórceps.
Podem durar até meses em trabalho de parto.
Quando nascem no papel,
esqueço a dor e fica só o encantamento.


Os textos que compõem este memoir são reflexões, ponderações viscerais e registros práticos da rotina dos meus dias de paciente clínica. Conviveram lado a lado, registrando, com a visão de quem esteve dentro da coisa, os dias rugosos que vivi desde que me descobri portadora de câncer.

A força emanada da energia das palavras ajudou a traduzir minhas emoções mais recônditas. Escrever preencheu de lirismo os meus momentos mais duros.

O entendimento de que ao transpor a minha experiência para o papel eu poderia ajudar pessoas foi transformador. Com o espirito renovado, desenterrei detalhes curiosos buscando a verve para relatar episódios extremos de forma mais branda. Memórias de viagens foram raptadas para dentro dos relatos, um splash de cor às passagens gris, e alguns dos meus mal traçados apontamentos em prosa poética foram inseridos entre os capítulos ou como epígrafe.

Não refreei o impulso de usar expressões em inglês e algumas em italiano, pois são a representação genuína do meu fluxo natural de pensamento.

Sem compromisso com estilo literário, conto aqui a epopeia do meu resgate das profundezas do imponderável.

 

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